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segunda-feira, 15 de julho de 2013

U-A-U: a história das coisas

Um dia desses eu estava reparando nas etiquetas das roupas que eu uso para trabalhar. Veja bem, eu não reparo em etiquetas, nunca reparei, e isso até pouco tempo atrás foi considerado por mim como algo bom, algo que me fazia não ligar para marcas, algo que me fazia consumir as coisas com maior liberdade e pagando aquilo que eu podia ou queria pagar, com qualidade ou não.

Só que olhando pela primeira vem para as etiquetas das minhas roupas de trabalho - sim, eu tenho roupas de trabalho, roupas de lazer, roupas de ficar em casa e roupas de ginástica, sendo que essas últimas não saem da gaveta desde que me mudei para Blumenau - pois bem, olhando as etiquetas eu percebi que as calças, casacos e camisas estilo alfaiataria foram quase todas produzidas na China! E não, eu não paguei mais barato por elas. Daí bateu a louca da etiqueta em mim e eu fui verificar todas as minhas roupas. Poucas são de produção local - não que isso signifique uma grande coisa, apenas usaria mão de obra local e haveria menos dispêndio de energia no transporte e distribuição das peças -, a maioria das que eu uso no dia a dia, seja para trabalhar, seja para dar aquela passeada no final de semana, são de produção made in Taiwan, made in China e tals.

Aí fui nos brinquedos das crianças: piorou. Salvo alguns de produção reciclada (valeu Mammy!) e outros de madeira e pano, a grande maioria dos brinquedos dos meus filhos - carrinhos, bonecas, jogos, bichos de pano e de borracha, bola, etc - são produzidos fora do Brasil. Onde? Made in Taiwan, made in China, made in onde Judas perdeu as botas. E vejam, não estou falando somente daqueles brinquedinhos mega descartáveis não, muitos são bons e custaram uma fortuna (não paga por mim ou marido que não somos desses, mas principalmente pelos amigos, avós, tios...) e outros são bem bicheirinhos e custaram igualmente caro só porque aparecem em comerciais de televisão. Os baratos são descartáveis mesmo. Nenhum sobrevive por mais de um dia.

As roupas das crianças, felizmente (ou não) são de fabricação nacional e eu que sempre busco preços nada exorbitantes já me vi fula da vida por comprar em feiras ou garagens das lojas e as roupas rasgarem ou descosturarem na primeira usada...fico muito brava com isso. Não que apenas as roupas compradas assim sofram desse mal, pois quando morava em SVP era sabido que as roupas vendidas nas lojas do Chuí eram de linhas inferiores ao padrão das marcas, só assim para eles venderem a um preço um pouco mais barato aos turistas desavisados que passavam por lá, ou a nós, moradores sem opção nas redondezas. Ficava muito brava mesmo e cansei de pegar roupas com costura torta, tamanhos desproporcionais e - pasmem! - um par de tênis com os velcros invertidos (e a vendedora jurava que era assim com a famosa frase ah, agora eles estão vindo assim mesmo!). Eu já pensei que, bem, as crianças usam tão pouco tempo as roupas, não vou pagar caro por uma peça que elas vão usar 3 meses (Pedro) ou 1 ano (Ísis). Só que no preço mais barato das roupas existem custos não contabilizados e que, obviamente, não são pagos por mim, mas por todos os que participaram ativamente, ou não, da cadeia de produção. E quando mais baixo na cadeia, mais caro essa pessoa pagou para que eu consumisse uma peça de roupa que eu, tolinha, achei que fosse uma "achado" no estilo bom e barato. Não. Não existe isso. E, obviamente, caro não significa igualmente ser bom. 

Já faz tempo eu me questiono sobre o meu consumo e da minha família e, aos poucos, vou tentando mudar o padrão aqui de casa. Os alimentos são a bola da vez, mas depois dessa olhada nas etiquetas teremos que rever outros tipos de compra. Depois do vídeo que eu assisti esta semana, ó céus, não dá para fingir que não sei. Porque, né, quando a gente está com preguiça de mudar alguma coisa a gente dá mil desculpas, até aquela esfarrapada de que não sei de nada. Ou a pior, aquela que culpa a vida corrida,  vida moderna - a vida do consumo. Certo, eu posso não saber tudo, mas, poxa, eu sei o suficiente para provocar uma alteração de comportamento. Ou não sei?

Na Eco 92 eu tinha 13 anos! Mal sabia do que se tratava. De lá para cá pouca coisa mudou e muitas outras pioraram. A vantagem é que hoje não podemos alegar desinformação para nada! Não podemos mais culpabilizar os outros, temos noção da nossa parcela de interferênca na vida dos outros desde que aprendemos aquela da diferença que fazemos na vidinha da estrela do mar que tiramos da areia e lançamos de volta às águas.

Só que ver tudo assim, junto, concatenado, desenhado e legendado, putz, dá vontade de chorar. Como eu quero companhia, vou deixar o link do vídeo aqui. São poucos minutos que valem muito a pena!








7 comentários:

  1. Adorei a história! :)

    Se puder dá uma passadinha no meu e deixa um comentário?
    Meu mundo, Meu quarto

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  2. ótimo post, Nine! Eu comecei a fazer a mesma coisa com os brinquedos do Enzo faz um tempo. E esse vídeo é sensacional!

    bjos

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    1. Guria, eu quase chorei assistindo! Sério mesmo, me deu uma aflição de perceber o quanto somos parte da miséria do mundo! Aqui em casa muitas pequenas coias já mudaram, mas tem tanto ainda! Beijos!

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  3. Nossa Nine...

    Eu tbm ando nessa de mudanças aqui em ksa. Na alimentação, no nosso consumo, e em nossos comportamentos. Assim, aos poucos... sem surtar! Menina do céu... que vídeo é esse? Vou ver com mais calma do trabalho, pq aqui de casa, além da internet ruim, a agitação da Pequena não me concentra. Mas o pouco que vi, já adorei. Muita informação...!!!

    Respondendo seu comentário lá no meu post, sobre o medo. Então, no inicio do mês tbm fui no cinema com a Sô, e assistimos tbm o filme Universidade Monstros. Juro que no momento daqueles sustos, eu tinha vontade de sair, pra coisa aqui em casa não piorar de vez. Só que daí eu ria, ria muito com ela na hora do susto, como forma de distrair. E parece que funcionou, pq o medo continua, mas sem associar ao filme. Menos mal! Tomara que as coisas melhorem por aí.

    Beijo grande!

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    Respostas
    1. Oi, Manu! É um vídeo ótimo, né? Pirei com ele justamente pq ele fala muito do que já sabemos só que assim, bem alinhado...dá um choque! Sobre o medo, bem, espero que passemos essa fase...aiai. Também pensei em sair do cinema várias vezes, mas só percebi o medo dela quando já era tarde...que mancada! Beijos! Nine

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  4. Oi Nine!

    Um professor me passou esse vídeo na primeira fase da faculdade, e é bem legal né? Ajuda a ter uma perspectiva de como funciona as coisas para que possamos nos posicionar...
    Assim que os bichos começarem a entender é legal expor essas idéias pra eles...

    Beijão!

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