Páginas

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Dor, pela vida

Imagem: google imagens, para a tarefa escolar da minha filha de 4 anos (pesquisar, escolher e levar para a escola imagens de animais camuflados), mas que EU tive que fazer

Dor pela vida. Esse foi o título da reportagem que saiu esta semana num jornal de circulação em Blumenau. A matéria tratava do método de nascimento, quase extinto, como frisou a jornalista, no qual os bebês ESCOLHEM O MOMENTO DE NASCER.

Achei a reportagem muito bem feita, com carinho, com boas referências, com muito espaço para as mulheres falarem sobre esta escolha tão fora da realidade atual, de se deixar que o bebê fique bem abrigado, crescendo e se desenvolvendo até o MOMENTO EM QUE ESTEJA APTO PARA NASCER.

Blumenau é uma cidade privilegiada no quesito parto normal, natural E humanizado (porque uma coisa nada tem a ver com outra ainda que costumem andar juntas). Estivesse eu aqui há dois anos atrás não necessitaria viajar 500 quilômetros para parir meu filho com respeito e dignidade. Aqui há dois núcleos formados por obstetra, enfermeira parteira (desculpem as obstetrizes, mas eu gosto mesmo é de falar e escrever parteira, acho mais selvagem :)) e doula. Já ouvi sobre pediatra. Bom sinal. 

Sinal de que este método de trazer filhos ao mundo pode não estar assim tão em extinção, e que, apesar dos esforços daqueles que insistem em permanecer dentro da caverna, há cada vez mais famílias, cada vez mais homens e mulheres buscando um início de vida mais respeitoso para os seus rebentos.

Da reportagem toda eu me emocionei com a fala da editora do Jornal Santa, Cleisi Soares, responsável pela matéria, e que pariu sua filha no hospital, naturalmente. Transcrevo, porque vale a reflexão:

"Chorei de alívio, sorri de felicidade, suspirei tranquila pensando no laço que se fazia ali. E TIVE MEDO. Medo de não ter as respostas que aqueles olhinhos negros buscavam DESDE O PRIMEIRO INSTANTE fora do ventre. Foi quando me dei conta de que a dor do parto normal eu não voltaria a sentir sem ter outro filho, mas que toda a força e energia que o momento exigiu seriam necessários PARA O RESTO DA VIDA.  A maternidade é gratificante e realizadora, sim, mas tem seus dissabores. E os problemas não vão vir como uma cesárea, com data e hora agendada. E, para vencê-los, vou precisar da mesma serenidade que tive ao desejar e esperar pelo parto normal. Só assim vou saber educar, curtir e amar a minha Liz, respeitando-a e dando tempo ao tempo."
 Teve espaço para o obstetra. Que novamente bateu na tecla da exigência da gestante pela cesárea. Ele ainda apontou que, atualmente, as indicações de cesariana foram extremamente ampliadas (jura? não havia percebido) não se restringindo mais àquelas pacientes que durante horas de trabalho de parto sem evolução favorável fossem as únicas a serem submetidas à cirurgia. Ele, sabiamente, enfatizou que o sistema obstétrico atual, onde as gestantes querem parir com o mesmo obstetra que as acompanhou no pré natal, também é um dos fatores do aumento da procura pela cesariana.

Muito honesto, não fosse o fato de que a maioria das mulheres quer parto normal no início da gestação. Dessa imensa maioria, a maior parte delas vai sendo aterrorizada sobre algo que deveria ser fisiológico e natural, com raras exceções, durante as consultas do pré natal e acabam na mesa de cirurgia não por escolha genuína, mas por indução, por medo de fazer mal ao bebê tão amado que carregam no ventre ou por medo do parto anormal que podem vir a ter num hospital. Ou isso, ou mais de 80% das mulheres mentiram ao questionário de pesquisa.

Palmas ao jornal Santa pela reportagem!

E minha eterna gratidão a todos os homens e mulheres que lutam pela humanização do nascimento.


Um comentário:

  1. bom se eu te contar que mesmo não estando gravida, nem tãopouco pensando em ficar eu gravo TODOS os cap. do D H&H que mostra os PN e eu fico fascinada com a tentativa, com o respeito, com a importancia do momento que nem preciso dizer o quanto o assunto me fascina !!!

    eu tive o privilégio de querer, de lutar e conseguir o PN mesmo com tantas criticas (meu pai se pudesse me batia por ter esperado TANTO) e óh vou te contar que se eu acreditasse "nestas coisas" eu diria que a Isabela sabe do que esta falando quando por varias vezes me olha e diz "mamãe tava gostoso aqui na sua barriga eu não queria nascer logo eu queria ficar mais um pouquinho lá) note ela nasceu de 42 semanas a 1 dia de fazer a cesarea pq não poderia esperar mais (segundo o médico).

    beijos

    ResponderExcluir

Fale sobre você...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...