Páginas

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Santiago - ya, ya!

Viajar com crianças! Um desafio, sem dúvida! Requer muita vontade, alguma preparação, muito jogo de cintura, paciência e resignação. Mas depois de tudo ficam as lembranças, nossas e das crianças, os aprendizados, as experiências.

Em Santiago a Ísis aprendeu a andar de metrô - aquele trem que anda embaixo da terra - e descobriu o que era um táxi e para quê servia. Em Santiago ela aprendeu a dizer muchas gracias, que saía assim um muitas gácias, todo fofinho! Quando agradeci a ela, já no Brasil, desta maneira, ela me corrigiu: não mamãe, aqui não se fala assim, aqui é muito obrigada, só no Chile se fala assim!

Em Santiago meus dois filhos tomaram suco de chirimóia e comeram/tomaram o doce tradicional mote con huesillos (super recomendo, uma delícia!), lá no Cerro Santa Lucia. Adoraram o peixe rosa tradicional e delicioso do país.

Em Santiago a Ísis viu uma carruagem de verdade no Museu Histórico Nacional do Chile e ficou encantada, porque era igual à carruagem da Cinderela. Nesse mundo de princesas e rainhas ela se encantou com os trajes do baile à fantasia da capital nos anos 20. Quis sentar em todos os bancos e cadeiras antigos do museu, quis tocar o piano, quis colocar as pulseiras de prata dos índios Mapuche. Num enorme quadro a óleo ela identificou um bebê de colo e disse a uma chilena que aquele era igual ao seu irmão.

Em Santiago ela se encantou com todos os Moai possíveis e identificou que havia alguns com olhinhos e outros sem. Após a viagem, num desenho do Tuty/Puddle, onde um deles (nunca sei quem é quem) foi até a Ilha de Páscoa, ela gritou feliz: olha mamãe, os Moais iguais aos do Chile! Como não viajar com crianças?

Em Santiago ela aprendeu que existem muitos outros tipos de brinquedos nas praças públicas, que não apenas aquelas casinhas de madeira com escorregador e balanço, tão tradicionais por aqui. Por sinal, balanços não vi em nenhuma pracinha de lá, mas havia muitos diferentes e encantadores brinquedos que desafiavam a coordenação, o equilíbrio e até mesmo a coragem da criança! Adoramos!

Em Santiago, na Concha y Toro (super recomendo com crianças!) ela conheceu a lenda do Casillero del Diablo e durante muitos dias após a visita (e ainda hoje) ela e o pai brincaram de Casilleros, fiéis guardadores de vinhos. Lá ela descobriu o que era um tonel e constatou que tonéis só havia em vinícolas, não em nossas casas. Já em casa, num desenho, ela identificou tonéis de vinho (em desenhos antigos, como Dumbo, pois nos modernos jamais apareceria um, hehe) e disse: são tonéis, né mãe? Igual ao da vinícola! Como não levar uma criança num tour de vinho?

E em Santiago ela experimentou seu primeiro Pisco Sour! E da maneira mais legal: totalmente roubado sem que os pais percebessem...creio que pensou que era suco de limão azedo. Não deu barato, mas ela capotou no trajeto restaurante-apartamento...

E o que eu descobri em Santiago?

- que antes de qualquer viagem em família eu preciso malhar muito para aguentar o tranco;

- que a Cordilheira é sim magnífica, mas voar sobre ela me dava um siricotico, e eu só conseguia pensar no filme Vivos;

- que vinho é muito mais que uma bebida, é uma cultura; e que não existe vinho ruim, apenas mal servido ou mal harmonizado;

- que com a globalização todas as grandes cidades acabam sendo muito parecidas, o que é uma droga, e o que diferencia um lugar do outro é sua história e sua cultura local, esta última cada vez mais esparsa e engolida por artigos made in china;

- que cobre e lapislazule são símbolos do Chile e ficam lindos juntos;

- que houve uma ganhadora chilena do Prêmio Nobel de Literatura, em 1945, portanto anterior ao Neruda, mas não há o mesmo reconhecimento a sua figura ou aos seus escritos. O nome dela é Gabriela Mistral e há um museu em Santiago que leva o seu nome;

- que eu não gosto de empanadas chilenas, pois tem forte gosto de milho e coentro, mas sim das empanadas uruguaias e argentinas;

- que eu prefiro a comida chilena à comida uruguaia, pois é mais bem temperada;

- que eu amei mote con huesillos e que a torta tres leches me fez lembrar dos bolos da minha avó materna e do tempo em que a gente sempre comia suas tortas nos cafés da tarde das reuniões em família;

- que os chilenos são muito educados, mas ainda precisam ser um pouco mais prestativos - deve ser herança das grandes cidades.

- que os chilenos falam um espanhol muito rápido e usam o ya, ya para quase tudo;

- que papinha de peixe industrializada para o Pedro, nunca mais! Ô coisa mais fedida!

Para a programação da viagem considerei que seriam 7 noites seguidas e planejamos apenas uma atividade/local de visita por dia, com uma refeição fora de casa, sempre o almoço. Nem cogitamos sair para jantar com as crianças e fizemos certo, pois após os passeios estávamos todos cansados.

Ao invés de ficarmos num hotel tradicional, optamos por um apartamento no centro de Santiago, considerando que com crianças pequenas fazer todas as refeições fora de casa seria inviável, com isso, celebramos o tempo de férias e não tínhamos horário para dormir ou acordar, tomávamos nosso café da manhã com tranquilidade, brincávamos um pouco e após o sono do Pedro saíamos para passear, por volta das 10:30 da manhã. Voltávamos para casa no final do dia, mas sempre antes de escurecer.

Levei um carrinho pequeno para a Ísis, destes que fecham em guarda chuva, e um sling de argolas para o Pedro. Santiago é uma cidade muito boa para andar com os carrinhos e não tivemos problemas nos metrôs, nas calçadas, nos táxis. Tudo muito tranquilo.

Conseguimos ver quase tudo o que foi programado para Santiago. A exceção ficou por conta do Cerro San Cristóbal, que estava programado para o primeiro dia, mas devido ao cansaço das crianças (pois estávamos chegando de nossa estadia em Mendoza) acabou ficando para o último. Ao chegarmos lá nos deparamos com os funiculares em manutenção, ou seja, teríamos que subir tudo a pé. Eu e marido nos entreolhamos, demos meia volta e seguimos para o Patio Bellavista para encerrarmos nossa estadia adquirindo nossos regalos de viagem, sem remorços.

O maior perrengue da viagem aconteceu num dia de chuva, de forte inversão térmica que nos levou a temperaturas invernais em pleno dezembro, quando voltávamos de Viña del Mar. Tínhamos alugado um carro e ao chegarmos em Santiago tivemos - assim como todos os santiaguinos -  a ideia de irmos ao Parque Arauco, o que não estava previsto na nossa programação. Ficamos completamente parados num engarrafamento colossal no bairro Las Condes com duas crianças cansadas, entediadas e com fome, já imaginaram o estresse? Discute daqui e dali consegui convencer o marido a devolvermos o carro e seguirmos para o hotel de táxi. Depois dizem que são as mulheres que fazem de tudo por um shopping...

Incrivelmente, os melhores passeios em nossa estadia em Mendoza, Santiago e Viña del Mar foram as vinícolas! Recomendo muito a Concha y Toro e a Casas del Bosque, assim como seus restaurantes. Os dois restaurantes somados ao Mestizo foram os melhores de nossa viagem, mas o melhor custo/benefício foi o da Concha y Toro: comida excelente, porção satisfatória, preço honesto. E toda a pompa e circunstância de ter um sommelier atencioso (e que não te constrange) a sua disposição!

Optamos por não fazer nenhum passeio desses com empresas especializadas: os preços estavam absurdos, teríamos hora para ir e voltar e com crianças pequenas é um tiquito mais complicado ter um cronograma muito apertado. Usamos metrô na maioria das vezes, táxi e ônibus municipal. Só para ter uma ideia, para visitarmos a Concha y Toro chegamos facilmente usando metrô e táxi, pagamos nosso tour e almoçamos super bem (2 adultos, 2 crianças, com sucos, águas, vinhos e sobremesa deliciosa acompanhada de uma maravilhosa cocecha tardia) por menos que um simples tour pela vinícola (sem almoço) organizado por uma empresa especializada. O mesmo para a Casas del Bosque. O passeio estava saindo R$ 200,00 por pessoa, ou seja, seriam R$ 400,00 o casal! Chegamos lá, almoçamos e pagamos R$ 200,00 com direito a uma garrafa de vinho e chocolate de regalo.

A exceção foi nossa esticada até Viña del Mar e Valparaíso por uma noite, quando alugamos um carro, mas ao final, nos arrependemos de ter feito isso. Falo mais no outro post.

E como foram nossos dias por lá?

DIA 1: Cerro Santa Lucia, Barrio Lastarria (jantamos ali, num daqueles infindáveis botequinhos com mesas e cadeiras nas calçadas), Basílica La Merced

Basílica La Merced

Cerro Santa Lucia: foi difícil tirá-los dali para continuarmos o passeio

Mirante Cerro Santa Lucia: Cordilheira ao fundo

DIA 2: Descanso no apartamento, compras no mercado, papai e Ísis deram uma voltinha na Plaza de Armas

Passeio com papai na Plaza de Armas

DIA 3: Visita à Concha y Toro. Almoçamos por lá. Retorno, descanso no apartamento. Passeio pelo centro: Igreja San Francisco, Barrio Paris-Londres, Universidade, Teatro Municipal, La Moneda

Concha y Toro

Concha y Toro: juro que ele não bebeu!

Teatro Municipal: lá está ela na fonte!




DIA 4: Parque Bicentenário. Almoço no Mestizo. Não conhecemos todo o parque, porque ele é enorme, mas conhecemos bem os arredores do restaurante, cheio de lagos, parquinhos para as crianças, cadeiras e guarda sóis nos gramados. Como o parque é novo ainda há poucas árvores frondosas e quase não tem sombra.


DIA 5: Valparaíso     DIA 6: Viña del Mar
Falo sobre esses dois dias depois

DIA 7: Plaza de Armas, Museu Nacional. Almoço no Mercado Central. Tentativa de irmos ao Cerro San Cristóbal, mas desistimos porque os funiculares estavam em manutenção. Patio Bellavista: descanso e compras.


 Plaza de Armas


 Mercado Central: as crianças (cof, cof) amaram a Cazuela de Vacuno, gosto de sopinha de avó!

Patio Bellavista: ela molhou pés e pernas naquela fonte ali atrás...

DIA 8: Retorno

Se alguém quiser alguma informação mais específica sobre o roteiro, ou dicas, ou qualquer outra coisa, é só mandar email: ninescheffer@hotmail.com.

Semana que vem tem Valparaíso, a visita mais frustrante da viagem, e Viña del Mar, uma delícia de balneário quando não chove, não venta e não faz temperatura invernal em pleno dezembro!

Perrengues de viagem? Ya, ya!

:)






2 comentários:

  1. Que delííííciiiaaa de post, Nine!
    Adorei!

    As fotos estão lindas, todos sorrindo, todos felizes!

    Quero saber sobre valparaíso tbm, depois nos conte!

    beijos!

    ResponderExcluir
  2. Que delícia ! É uma mão de obra danada, mas se não fizermos essas pequenas loucuras a vida fica muito chata !!!
    Vejo que todos aproveitaram muito, aprenderam muito, e vai deixar saudades !
    Segue já,já um e-mail pra você. Conexão ruim e a nona doente é muito desafio junto.
    Bjs, bjs, bjs ! Mammy,Betty & Cia

    ResponderExcluir

Fale sobre você...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...