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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Depois...

Obrigada a todas pelos comentários carinhosos no meu relato! Gosaia de passar para agradecer pessoalmente a cada uma, mas o ritmo por aqui anda apertado.

Aproveitando que filhota foi passear e o filhotinho está dormindo, vou tentar encerrar o relato com o depois e algumas considerações.

DEPOIS...

Aconteceu o que eu sempre quis! Pedro ficou no meu colo, aquecido, nos olhamos e eu reconheci nele os olhos da Ísis de quase 3 anos antes. "Ele é parecido com a Ísis quando nasceu", eu disse. Marido e filha estavam ali, ao meu lado. A equipe se afastou um pouco e nos deixou nesse momento íntimo por alguns minutos.

A placenta saiu pouco depois, questão de minutos também e foi muito prazeroso parí-la. Não cheguei a olhar, mas marido viu e disse que era diferente da placenta da Ísis. Mentalmente eu agradeci àquele organismo por ter servido de meio de alimentação ao meu bebê por mais de 41 semanas. Agora era comigo!

Não houve pressa para cortar o cordão. Eu havia pedido que ele só fosse cortado após a saída da placenta, e a Zeza numa das reuniões já havia me dito que esse era o procedimento adotado por eles, porque, segundo evidências, não cortar o cordão enquanto a placenta não sai reduz os riscos de retenção placentária. Eu me lembro de ter pensado que isso era o óbvio, afinal, o bebê só está apto a ser desligado dela quando já está respirando e adaptado ao mundo exterior, portanto ela só sairia quando já não tivesse mais serventia.

Aplicaram uma injeção de ocitocina no meu braço para ajudar nas contrações uterinas e diminuir o risco de hemorragia pós parto.

Depois disso papai cortou o cordão. Estávamos desligados afinal. Ao menos do cordão material... A Ísis adorou a cena de cortar o cordão umbilical e ficou dias falando no assunto (ainda hoje fala!) e brincou muito de cortar o cordão umbilical das suas bonecas e ursos.

Retiraram o sangue do cordão umbilical para sabermos se o Pedro tinha sangue O positivo, e neste caso eu teria que receber a vacina nas próximas 72 horas, mas ele era O negativo. O engraçado é que essa foi a única "intuição" que eu tive durante toda a gestação, sobre o tipo de sangue que ele teria!

Avaliação do períneo: eu sabia que havia lacerado, afinal minha posição ao parir não havia sido verticalizada e eu não havia segurado nada: quando a contração veio eu fiz toda a força que pude e o Pedro saiu de uma vez! O resultado foram 3 pontos internos e 3 externos e a única dor que senti com eles foi a da picada da agulha da anestesia local. Bem diferente da episio de 3 anos atrás, quando levei muitos pontos e tive que usar medicamentos (antiinflamatório e analgésico) durante vários dias. Isso só prova que a episio de rotina é realmente muito pior que a laceração natural. E eu nem fiz nenhuma preparação para o períneo; eu tentei, mas não levei a fundo, salvo contrair e soltar em algumas idas ao banheiro :)

Durante todos esses procedimentos Pedro não saiu do meu colo, bem como filha e marido permaneceram ali conosco. O recém chegado não estava muito a fim de mamar, deu umas lambidas, mas estava cansado e queria dormir. A Zeza pesou (3,290kg) e mediu (51cm) e ele chorou a plenos pulmões, um choro forte e bem agudo. Eu ainda brinquei que ele estava imitando a mãe dele :)

No meu colo ele se acalmou e recebeu a vitamina K via oral. Precisaríamos repetir a dose aos 7 e aos 21 dias e foram deixadas conosco as ampolas para administração.

A Fabi pegou uma roupinha e a Zeza vestiu o filhote. Tudo simples, feito ali do meu lado. Depois disso ele voltou para o meu colo e dormiu profundamente.

Eu aproveitei para jantar (macarronada e sorvete de sobremesa!), dar atenção para a Ísis, que já estava caindo de sono deitada ao lado do irmão, e comigo fazendo carinho em suas pernas ela dormiu.

O parto aconteceu às 22:30h e a equipe se despediu à 01:30h. Depois disso ligamos para a família, mas conseguimos avisar apenas uma irmã minha e um irmão do Daniel. Só no dia seguinte foi que todos receberam a notícia do nascimento.

No dia seguinte o Dr. Ricardo e a Zeza fizeram uma visita e fui informada de que o Pedro havia nascido na posição invertida - occipto sacra, ao invés de occipto púbica - ou seja, ele girou ao contrário ao sair do útero, saiu olhando para frente, e esse foi um dos motivos pelos quais eu sentia muita dor nas costas no expulsivo. Fui informada de que isso acontece em 1% dos nascimentos e que hoje é indicativo de cesariana (obviamente que não necessária em todos os casos, fui a prova de que crianças nessa posição nascem de parto normal), devido ao expulsivo ser mais demorado. Eu me lembro de ter pensado que, ainda bem, eu não havia sabido disso antes!

A Zeza me perguntou se eu havia ficado com uma lembrança muito dolorida do meu parto e eu sinceramente respondi que não, dolorida não, mas assustadora no expulsivo sim.

Eu estava muito preparada para a fase de dilatação, eu havia passado por ela no primeiro parto, ao menos a maior parte, e ainda que estivesse anestasiada após os 7-8cm, eu me lembrava das contrações. Comentei que no TP em casa não havia sentido nem um décimo da dor que senti no hospital antes da anestesia, tanto que cheguei aos 10 cm sem nem me dar conta! Eu realmente aceitei a contração da dilatação, não tive medo, me entreguei e tudo foi muito tanquilo!

Já o expulsivo era novo para mim e eu me assustei com aquilo tudo, entrando no famoso ciclo medo-tensão-dor, que o Dr. Ricardo cita bastante em seu livro. Apavorei, desconcentrei e as contrações foram muito mais difíceis para mim. Mas ainda assim, suportáveis. Posso garantir que não foi a pior dor que senti na vida (a pior foi de cólica menstrual,que me fez desmaiar de tão insuportável).

Foi o Dr. Ricardo quem melhor definiu a segunda parte do meu parto: selvagem! A palavra era essa mesma, eu adorei!

Em nenhum momento eu pensei em analgesia ou quis estar num hospital, ao contrário, durante todo o processo eu agradecia mentalmente por poder estar em casa, livre, bem acolhida por uma equipe que valoriza o protagonismo da mulher.

No dia seguinte ao parto, conversando com marido, eu afirmei com toda sinceridade que preferia mil vezes meu parto em casa, natural, do que aquele primeiro no hospital com analgesia, ainda que aquele tenha sido mais civilizado.

A sensação de empoderamento que a gente sente depois é indescritível! Eu pari, eu fiz meu caminho, eu posso tudo!

Enfim, encerro aqui uma parte importante da minha vida, que me trouxes muitas alegrias, me fez ser mais quetionadora e me fez acreditar - ainda mais - na minha capacidade, como pessoa,mas principalmente como mulher!

Mais uma vez obrigada a todas por todo o apoio recebido. Vamos em frente, que a maternidade de dois está só começando! O TP fica fácil minha gente, muito fácil!

:)



9 comentários:

  1. Nossa Nine....que tranquilidade!
    Queria tanto um PN para chamar de meu...poder relatar!
    Mas não pude. Na primeira bebê sentado. Ok!! Sem traumas.
    Na segunda...cesária de emergência. Ok!! Mas com traumas!

    O pedro é lindo....é a sensação de calmaria em pessoa depois da jornada (foto do post anterior!!).
    Tudo de bom para vcs!
    super bjos!!

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  2. Nine, me identifiquei demais com a sua história: um primeiro parto hospitalar com analgesia no final, um segundo parto em casa. Também tive a sensação de que todo o caminho até o expulsivo doeu muito menos do que no hospital, e também senti o descontrole do expulsivo. No próximo pretendo sentir menos dor, porque já trilhei esse caminho. Você também anima o próximo??
    E mais uma vez pelo seu parto. De cara pra lua, hem??? Essa é uma historia pra ser recontada a vida inteira...

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  3. Nine você me inspira.
    Meu grande medo em relação ao PN era a conduta de maus tratos nos hospitais, eu tolinha achei que estaria bem com a cesária.
    No meu próximo filho CERTEZA que vou pari lo em casa, com uma equipe maravilhosa assim como a sua!
    É bom saber de você de você que passou pelas duas situações que a espsio é mais dolorida e agressiva do que uma laceração natural..

    Beijos

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  4. Muito bom ter lido o seu relato!
    Só reforça a minha vontade de ter um parto normal na próxima gravidez, e, ainda estudando as opções, um parto humanizado e domiciliar!
    Mas isso só será possível se eu achar uma equipe tão linda e dedicada como a sua! heheh
    Mas isso vai demorar, e quem sabe daqui um tempo, quando eu tiver o meu segundo, a medicina obstétrica não tenha mudado um pouco e esteja melhor! Rezemos! hehe

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  5. Este seu parto ainda vai ajudar muitas mamães que assim como eu devorava os blogs durante a minha peregrinação pelo parto normal !

    FELICIDADES A ESTA LINDA FAMILIA !!!

    beijos

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  6. Uau!! Adorei o selvagem.
    Parabéns mais uma vez. E agora, como vc disse, vem a parte mais difícil, mas vc, protagonista que é, vai continuar se saindo muito bem.
    Beijos

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  7. Oiee!!!

    Li agora como foi o parto, e confesso que achei lindo! To muito orgulhosa de ti por ser tão corajosa e acreditar nas tuas vontades mesmo com todos duvidando da tua escolha.. PARABÉNS! Como sempre és pra mim uma fonte de bons exemplos! To muito curiosa pra ver esse meu sobrinho, pegar ele no colo e encher de beijinhos! Dá beijinhos em todos por mim!
    Saudades!

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  8. Estou bem emocionada Nine... que linda!
    Agora vc virou minha inspiração para o meu próximo filho... certamente PD!!!
    Como vc dilatou rápido, né? Que mulhre forte e corajosa! Ai que invejinha... hahaha
    Muitos beijos e muito leitinho para esse Pedro fofo!

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  9. Oi! Primeira vez que passo por aqui e me emocionei viu? Adorei o relato, a trajetória, a força... parabéns. Delícia ser mãe de um casal. Será que consigo um dia, rs? Beijokas

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