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terça-feira, 2 de março de 2010

Sonhos

Eu tentava te imaginar. Eu fechava os olhos para tentar uma conexão ainda mais profunda para que eu tivesse um sinal de como você seria.

Eu via fotos minhas e do seu pai de quando nós dois ainda éramos bebês para tentar desenhar o seu rosto.

Eu perguntava sobre como eu era quando bebê para tentar compor um pouco da personalidade que você teria, como se a personalidade fosse algo herdado geneticamente, como a cor do cabelo ou dos olhos. Um lado meu pedia para que você não fosse parecida com o seu pai, pois sua avó sempre dizia que ele era muito levado. Mas um outro lado queria que você fosse muito peralta para que tivesse muitas histórias engraçadas para relembrar no futuro. Assim como seus avós relembram as histórias do seu pai e dos seus tios. E todos riem. A vida é feita de histórias. E só as têm quem as vive.

Eu sonhava com você. E você era eu. E era o seu pai.

Uma vez eu sonhei que olhava para dentro da minha barriga e via você lá dentro. E eu te ninava, como se a minha barriga fosse uma bolsa dágua (e não é?) e eu pudesse olhar todo o seu desenvolvimento do lado de fora.

No primeiro sonho com você eu te via no ultrassom. E você era a cara do seu pai. Por isso, no começo, achei que você seria um menino. Que boba! Como se somente os meninos pudessem se parecer com o pai! E você nasceu parecidíssima com o seu pai, com aquele ar meio peralta, olhar curioso. E forte!

Mas teve um sonho que foi muito especial. Nós estávamos numa praia muito bonita. E você vinha correndo para mim, de biquini vermelho (!) e com um sorriso lindo. O mesmo de hoje. Todo gengivas. E eu te pegava no colo e a gente ria e ria. E caminhava abraçadas. Você no meu colo. Como hoje.

Eu soube de você no momento em que você se fez. E tão feliz eu fiquei que minha alma saiu por aí a contar a novidade antes mesmo dos exames reais te detectarem dentro de mim. A Lia, prima da mamãe, recebeu num sonho o recado de que você estava vindo.

Agora eu não imagino mais. Eu vejo você. Eu sinto o seu cheirinho. A sensação que eu tenho é a de que nós sempre estivemos juntas. Impossível imaginar outra Ísis. Mais impossível ainda imaginar a mim sem você.

Que bom, filha, que você está aqui. Eu te amo. E eu agradeço o momento feliz em que nós decidimos compartilhar dessa existência.

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